Caminho de Santiago de Compostela - O Caminho Francês Original

sábado, 10 de maio de 2008

Sobre o caminho Português

Caminhos alternativos são mais seguros para chegar a Fátima

Para os menos avisados, aquelas setas azuis pintadas em muros ou postes de iluminação parecem mais um acto de vandalismo gratuito. No entanto, seguindo-as os peregrinos que rumam a Fátima descobrem um caminho alternativo à perigosa EN1, pleno de recantos, de lugares sem nome nos mapas, bom para uma caminhada segura. O JN fez ontem uma pequena parte do Novo Caminho do Norte para Fátima, entrando nos Carvalhos e saindo em Lourosa, a cerca de 500 metros do local onde, anteontem, nove peregrinos foram atropelados. Trata-se de um pequeno troço da quinta etapa do caminho, que está a ser elaborado pelo Centro Nacional da Cultura, que liga a Sé do Porto a Lourosa, em Santa Maria da Feira.A via alternativa começa um pouco antes do Colégio dos Carvalhos, na direcção de Sermonde. Por ruas onde às vezes mal cabe um carro, no meio de um verde intenso, os peregrinos vão passar, sucessivamente, por Grijó, Padrão, Loureiro de Baixo, Olivães, Goda, Ermil, Vergada (lugar da freguesia de Moselos, onde o grupo de peregrinos foi colhido), Vendas Novas e Lourosa.Hélder Cunha, Vitor Pires e Augusto Leite são três amigos que, anteontem, saíram de Castelo de Neiva e que esperavam pela carrinha de apoio, numa paragem de autocarros, em Lourosa."Já faço a peregrinação há cerca de 10 anos e nunca ouvi falar de outro caminho. De vez em quando usamos uns atalhos, mas a maior parte do percurso é mesmo feita pela estrada nacional. E nunca tivemos problemas. Pelo que tenho visto, por vezes a culpa também é dos peregrinos, que caminham lado a lado pela estrada e não em fila, como é aconselhável", afirmou Augusto Leite. O novo trajecto ainda não está completamente assinalado mas permite caminhar com segurança na maior parte do percurso de Valença e Fátima. Em sentido inverso, setas amarelas indicam desde o Santuário até Santiago de Compostela.

Por Reis Pinto, em: http://jn.sapo.pt/2008/05/09/sociedade_e_vida/caminhos_alternativos_mais_seguros_p.html

domingo, 4 de maio de 2008

Para quem for pelo caminho do Norte...

Conta a História...
Na rota Compostelana que passa pela província espanhola de Cantábria, está a Vila de Limpias, famosa pelo Santuário do Santíssimo Cristo da Agonia.
O nome de Limpias provém das águas térmicas que brotam em seu final e que eram conhecidas como Águas de Limpias. A vila é pequena mas tem uma bela igreja paroquial em honra de São Pedro. No altar-mor se venera uma prodigiosa imagem do Cristo da Agonia. O crucifixo é uma meditação dos sofrimentos de Nosso Senhor que apresenta Jesus nos momentos finais de Sua agonia. A imagem de Cristo é em tamanho natural. Mede seis pés de altura e está colocada sobre uma cruz de 2m30cm de altura. Os braços parecem relaxados como os de um homem que os tivesse aberto sem esforço e os dedos indicador e médio em ambas as mãos estão estendidos como se estivessem dando a bênção final...
Seu rosto tem uma expressão indescritível, de uma particular beleza: olha para o céu e, segundo o ângulo de onde se veja, a expressão é diferente, não somente de dor, mas de oração e contemplação ao Pai. Colocadas dos lados de Cristo estão outras duas imagens: a Virgem Mãe Dolorosa e São João Evangelista.
Pouco se sabe da origem desta preciosa imagem. Acredita-se que tenha sido venerada em Cádiz na igreja dos padres franciscanos e que quando esta foi derrubada por inundações, a imagem do Cristo passou ao oratório de Don Diego de la Piedra, cavaleiro professo da Ordem de Santiago. Contam que um maremoto ameaçou a cidade de Cádiz, o povo cristão levou em procissão as imagens mais veneradas da cidade, as águas se detiveram e começaram a retroceder somente ante a santa imagem do Cristo da Agonia. Diante do prodígio, o povo agradecido pediu que a imagem do Santo Cristo fosse deixada para veneração em alguma das igrejas de Cádiz.
Don Diego faleceu no ano de 1755 não sem antes outorgar em seu testemunho diversas linhas nas que recorda sua vila natal de Limpias: "Mando assoalhar a paróquia de São Pedro de Limpias, custeando a decoração do altar mor e seu esplendor, colocando nele três imagens: a de Nosso Redentor agonizando na Cruz, a de Sua Mãe Santíssima e a do Evangelista São João..." Assim esta paróquia se converte no Santuário do Santíssimo Cristo da Agonia.
A partir do dia 30 de março de 1919, correu aos quatro ventos que em Limpias aconteciam eventos extraordinários. Diziam que a bela imagem do Santo Cristo movia os olhos, dando a sensação de um corpo vivo, que empalidecia, sangrava e suava. O nome de Limpias se tornou famoso e suas ruas foram visitadas por peregrinos provenientes de todas as partes do mundo.
O primeiro a ver o prodígio foi o Padre Antonio López, professor do Colégio São Vicente de Paula que estava na vila: "Um dia no mês de agosto de 1914, fui à igreja para instalar uma iluminação elétrica no altar-mor. Encontrava-me sozinho na igreja, em uma escada apoiada sobre um andaime improvisado sobre a parede que serve de cenário para a imagem do Cristo Crucificado, e depois de duas horas de trabalho comecei a limpar a imagem para que esta pudesse ser vista mais claramente. Minha cabeça estava no mesmo nível da do Cristo, a pouco menos de dois pés de distância; fazia um dia muito bonito e pela janela atravessavam raios de luz que iluminavam completamente o altar, sem notar a menor anormalidade e depois de um longo tempo de trabalho, detive minha vista nos olhos da imagem e observei que estavam fechados. Por vários minutos eu vi com toda clareza de modo que duvidei se habitualmente eles eram abertos. Não podia acreditar no que meus olhos viam, comecei a sentir que me faltavam as forças; perdi o equilíbrio, desmaiei e caí da escada do andaime até o chão, levando um grande tombo. Ao recobrar os sentidos, pude confirmar de onde estava que os olhos da imagem do crucifixo permaneciam fechados... Saí rapidamente da igreja contando o fato a minha comunidade. Minutos depois de sair da igreja, encontrei-me com o sacristão que se dispunha a tocar os sinos para o Ângelus. Ao me ver tão agitado me perguntou se estava me acontecendo algo. Relatei a ele todo o ocorrido e ele não se surpreendeu, pois já havia escutado que o Cristo havia fechado seus olhos em mais de uma ocasião".
Pensando que o movimento que havia visto nos olhos se devia a algum tipo de mecanismo, o sacerdote professor diminuiu a importância da visão e se incumbiu de examinar a imagem minuciosamente. Pôde confirmar que esta não possui nenhum mecanismo e que seus olhos estão tão firmemente fixos, que nem o pressioná-los fortemente pôde fazer com que se movessem. Isto foi comprovado mais de uma vez.
A pedido de seus superiores, o Padre Antonio escreveu o relato de todo o acontecido, mantendo prudência por ordem de seu diretor espiritual. Somente no dia 16 de março de 1920, um ano depois dos tantos milagres de 1919 é que esta declaração se tornou pública.
No início do ano 1919 aconteceram as missões na Paróquia de Limpias. No último dia da missão, enquanto o sacerdote celebrava a Santa Missa, proferindo uma homilia baseada nas palavras de Prov. 23,26, outros dois sacerdotes se encontravam nos confessionários. Uma menina de 12 anos entrou no confessionário e comunicou ao sacerdote que a imagem do Santo Cristo estava com os olhos fechados. O sacerdote, pensando que era fruto da imaginação da menino, ignorou o acontecimento. Terminada a homilia do sacerdote celebrante, este outro sacerdote se aproximou para notificar o que estava acontecendo. Ambos olharam para o crucifixo sem ver que algo não-usual acontecera. Simultaneamente, um dos fiéis que se encontrava na igreja gritou: "Olhem o crucifixo!" Em poucos minutos as pessoas confirmaram com entusiasmo o que as crianças haviam visto. As pessoas ali presentes começaram a chorar, outros gritavam que haviam visto um milagre e outros caíram de joelhos pedindo a Deus por misericórdia.
Para verificar o fenômeno, quando se conseguiu esvaziar o templo, o pároco subiu com uma escada de mão até a santa imagem tocando o rosto e o colo com um pano, e pôde comprovar que a imagem transpirava, confirmando o fato mostrando a todos ali presentes seus dedos umidecidos.
A segunda manifestação aconteceu em 13 de abril de 1919, no Domingo de Ramos, quando dois homens importantes de Limpias se aproximaram do altar duvidosos do que ali acontecia e considerando os fatos como histeria coletiva e alucinação.; ao aproximarem-se puderam ver os olhos e a boca do Cristo moverem-se. Simultaneamente caíram de joelhos pedindo perdão e clamando por misericórdia.
A terceira manifestação aconteceu em 20 de abril de 1919, no Do-mingo da Ressurreição, na presença de um grupo de irmãs religiosas da ordem das Filhas da Santa Cruz, que viram os olhos e a boca do Santo Cristo moverem-se enquanto rezavam o santo Rosário.
A partir de 14 de abril do mesmo ano, as manifestações se repetiram quase diariamente, e como era de se esperar a igreja se mantinha abarrotada de gente que desejava ver o milagre. Conta o Rev. Barón Von Kleist, sacerdote da vila que muitas eram as pessoas que testemunhavam que Nosso Senhor havia olhado para elas, a uns de forma sutil, a outros com certa tristeza, e inclusive a alguns com um olhar penetrante e de través. Muitos viram lágrimas em Seus olhos, outros relatam ter visto gotas de sangue caírem das feridas produzidas pelos espinhos de Sua coroa. Foram muitas e variadas as manifestações que se relataram, desde ver a imagem do Cristo mover Seus olhos de lado a lado na hora da bênção e pousando Seu olhar cativante sobre toda a assembléia ali presente, até mover Sua cabeça coroada de espinhos e suspirar...
Peregrinações e mais testemunhos
Peregrinações de todos os lugares começaram a chegar à vila de Limpias. Jornais repletos de relatos detalhados sobre os acontecimentos em Limpias inundaram a imprensa de todos as regiões da Espanha e do exterior. No final de 1921, o número de peregrinos havia crescido de tal forma que o volume do tráfego de estrangeiros em Limpias superou a dos visitantes do Santuário de Lourdes. Príncipes, bem como dignitários da Igreja da Espanha, incluindo bispos e cardeais, visitaram o Santuário do Santíssimo Cristo da Agonia. Também vieram arcebispos do México, Peru, Manila, Cuba e outros países. São muitos os registros que se encontram na sacristia da igreja de Limpias e que contêm 8.000 testemunhos de pessoas que atestam as manifestações. 2.500 destes testemunhos foram dados "sob juramento". Entre as testemunhas se encontravam membros de ordens religiosas, sacerdotes, médicos, advogados, professores, catedráticos, oficiais, vendedores, boiadeiros, não crentes e até ateus.
O primeiro bispo a ser favorecido com a graça de poder presenciar as manifestações foi Dom Manuel Ruiz y Rodríguez, bispo de Cuba, que foi a Limpias após uma visita a Roma. De volta a seu país escreveu uma carta pastoral a todos os membros de sua diocese na que expunha sem reservas tudo o que se relacionava ao crucifixo milagroso. Relatou como os olhos do Cristo se moviam de lado a lado e como o rosto, em dado instante, tomou uma expressão agonizante. Aqui começou a grande devoção que em Cuba se teve ao Cristo de Limpias.
Em 29 de julho de 1919, o Padre Celestino María de Pozuelo, monge capuchinho, visitou a paróquia de Limpias e escreveu um relato que incluía a seguinte declaração: "O rosto apresenta uma expressão viva de dor, o corpo descolorido como se houvesse recebido cruéis chicotadas e totalmente banhado de suor".
O Rev. Valentín Incio, de Gijón, conta que visitou Limpias em 4 de agosto de 1919. À sua chegada se uniu a um grupo de peregrinos que, nesse momento, estavam sendo testemunhas do milagre. Havia cerca de 30 a 40 pessoas, outros dois sacerdotes, 10 marinheiros e uma mulher que não parava de chorar. O Padre Incio escreveu:
"Ao chegar contemplei Nosso Senhor como se estivesse vivo; mais tarde Sua cabeça conservou Sua posição de costume e Seu contorno a expressão natural, mas Seus olhos estavam cheios de vida e olhavam em várias direções... Em certo momento, Seu olhar se centrou sobre os marinheiros a quem contemplou por muito tempo, logo olhou languidamente em direção da sacristia por algum tempo. Nesse instante ocorre o momento mais comovedor de todos: Jesus pousa Seu olhar sobre todos nós mas de uma forma tão doce, tão suave, tão expressiva, tão amorosa e divina, que todos ali presentes caímos de joelhos, choramos e adoramos a Cristo...
Nosso Senhor continuou movendo Seus olhos e pálpebras que brilhavam como se estivessem cheios de lágrimas, e moveu Seus lábios suavemente como se estivesse dizendo algo ou rezando. Ao mesmo tempo, a mulher que mencionei anteriormente estava ao meu lado e viu ao Mestre tratando de mover Seus braços, lutando por relaxá-los da Cruz". Dando testemunho sobre este relato estiveram 3 sacerdotes, os 10 marinheiros e a mulher.
Em 15 de setembro de 1919, 2 bispos acompanhados de 18 sacerdotes contaram o ocorrido ao prostrarem-se diante do crucifixo:
"Todos vimos o rosto do Santo Cristo entristecer-se ainda mais. Sua boca também estava mais aberta que o usual, Seus olhos se fixaram suavemente sobre os bispos e logo em direção à sacristia. Seus gestos simultaneamente tomaram a expressão como os de um homem que está lutando para sobreviver".
Em 24 de dezembro de 1919, em companhia de um grupo de pessoas, o padre confessor da Igreja do Pilar em Zaragoza, Dom Manual Cubi, viu o Santo Cristo na agonia da morte: "Nosso Senhor tratava de soltarse da Cruz com movimentos violentos e convulsivos, levantou Sua cabeça, moveu Seus olhos e fechou Sua boca. Em alguns momentos pude ver Sua língua e dentes. Por aproximadamente meia hora Ele nos mostrou o quanto Lhe havia custado nossa salvação e quanto havia sofrido por nós no momento de Seu abandono na Cruz".
Milagres de cura e reconhecimento oficial da Igreja
Vários relatórios médicos foram apresentados...
As manifestações milagrosas do Santo Cristo não foram as únicas relatadas, houve também muitas curas milagrosas. Em julho de 1920, houve mais de 1.000 curas certificadas pelos médicos. Muito poucas destas curas aconteceram em Limpias, mas quando os peregrinos regressavam a suas casas e se colocavam em contato com objetos que havia tocado o crucifixo.
O bispo de Santander, diocese à qual pertence Limpias, introduziu o processo canônico em 20 de julho de 1920. Um ano e um dia depois, foram dadas indulgências plenárias por um período de 7 anos a todos aqueles fiéis que visitassem o Santo Crucifixo.
O Núncio Papal visitou Limpias em setembro de 1921. Orou em frente ao crucifixo e o examinou de todos os ângulos. O núncio declarou ao clero e aos nativos que a imagem lhe havia causado uma impressão muito profunda, e congratulou-os por terem sido escolhidos para que o Mestre Se revelasse através dessa imagem em sua igreja.
Os fenômenos públicos cessaram de maneira total vários anos depois. Uma guerra nacional parecia que deixaria no esquecimento o Santo Cristo de Limpias, mas aquela devoção nascida do calor de eventos, ao que parece prodigiosos, ainda perdura... É surpreendente a existência em qualquer época, tanto de turistas como de peregrinações que continuam chegando atraídos pela fama dos prodígios e da formosura da Santa efígie.
Atualmente os padres paulinos estão encarregados da Paróquia/Santuário, tratando de seguir a linha de seus antecessores e dignos párocos do clero secular. Além da vida ordinária de uma paróquia, procura-se sempre fomentar o culto ao Santíssimo Cristo.