Ramal se transforma em uma versão nacional de ‘Santiago de Compostela’

Luciana La Fortezza
O Caminho de Peabiru unia o litoral peruano não só ao paulista como também ao de Santa Catarina. No Sul havia um importante ramal, atualmente resgatado em peregrinações. Na tentativa de recuperar a memória do trajeto, o Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre o Caminho de Peabiru na Comunidade dos Municípios da Região de Campo Mourão (Necapecam) realiza trilhas duas vezes ao ano. Seria uma versão bem reduzida e nacional de ‘Santiago de Compostela’. “Nós fizemos um ramal de Campo Mourão (Paraná), que não é o tronco principal. O tronco principal tem vários ramais. Não é um caminho só. A gente imagina como se fosse uma árvore deitada. Existiam estradas secundárias”, explica Marilene Celant Miranda, do Necapecam. A trilha organizada pelo núcleo independente visa a integração da região para o desenvolvimento do turismo e é voltado a pesquisadores, estudantes, aventureiros e à comunidade em geral.O Necapecam informa ter mapeado cerca de 500 quilômetros de ramais e sub-ramais entre os municípios de Campo Mourão, Peabiru, Corumbataí do Sul, Barbosa Ferraz, Fênix, Engenheiro Beltrão, Terra Boa, Araruna, Luiziana, Mamborê, Farol, Juranda, Ubiratã, Campina da Lagoa, Roncador, Nova Cantú, Altamira do Paraná e Goioerê. Antes de iniciar a peregrinação, os participantes conhecem pesquisas relacionadas sobre o assunto. Participam em média 50 pessoas. O jornalista Silvio César Walter é um integrante contumaz. “Esse projeto foi criado há quatro anos. Não faço parte do núcleo, só caminho com eles. Fui da primeira vez para fazer exercício físico, mas o descanso mental é tão fantástico, que vou em todos”, admite. De acordo com ele, outras 15 pessoas também seriam assíduas. Grande parte do grupo passa a noite em barracas. Outros participantes se acomodam em barracões indicados pela organização.“Boa parte é mística, eu não sou. Um advogado que fez a trilha ficou tão inspirado que escreveu um livro de ficção sobre o Caminho de Peabiru. É uma história policial que se passa nos dias de hoje. O tráfico de armas utilizaria o caminho”, relata.No Brasil, o trajeto passava pelo Rio Grande do Sul Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul. Seguia pelo Paraguai, Bolívia e Peru. Outras informações sobre o caminho no sul podem ser obtidas pelo site www.caminhodepeabiru.com.br/

Publicado em 14/06/2009, em http://www.jcnet.com.br/editorias/detalhe_geral.php?codigo=158884