Caminho de Santiago de Compostela - O Caminho Francês Original

terça-feira, 27 de julho de 2010

Ano santo em Santiago de Compostela






Ontem, 25 de julho, todos os olhares do mundo cristão estiveram dirigidos a Santiago de Compostela, onde peregrinos chegaram a pé, de bicicleta ou a cavalo, seguindo caminhos traçados há séculos, cumprindo promessas, festejando datas, esperando milagres. Paulo Coelho, escritor brasileiro, foi convidado com honras, já que através de seu livro “O Diário de um Mago” foi popularizada a rota peregrina em nosso país. O dia 25 de julho marca a festa do Apóstolo San’Iago, padroeiro da Galícia e da Espanha, assim como o Dia Nacional da Galícia, quando o Rei da Espanha ou o Príncipe das Astúrias fazem a tradicional Oferenda ao Apóstolo, e quando saem em procissão as relíquias veneradas pelo povo de Santiago. Em 1995 foi criada a Associação de Confrades Amigos do Caminho de Santiago de Compostela – Brasil, com sede em São Paulo, primeira entidade do gênero na América Latina, o que ajudou a promover a Galícia como destino turístico religioso. Também em 1995 Compostela foi declarada Patrimônio da Humanidade pela Unesco, devido ao grande número de construções civis, militares e religiosas de muitos séculos, com seus estilos arquitetônicos românico, gótico, barroco, plateresco e neoclássico. A rota é considerada o mais extraordinário trajeto monumental de todo o Ocidente.
A cidade galega vive seus dias de fé desde que foi descoberta, no dia 24 de junho de 813 pelo monge Pelayo, no bosque Libredón pertencente ‘a diocese de Iria Flavia, uma arca de mármore, com os restos mortais de um homem. Foi o bispo Teodomiro quem setenciou ser o túmulo de Sant’Iago o Maior, filho do Trovão, vindo por mar até as terras galegas.Assim, sobre a antiga povoação celta, mais tarde ocupada pelos romanos, surgiu uma cidade em torno de um mausoléu. Sede da Xunta e do Parlamento da Galícia, Santiago de Compostela é hoje um importante centro administrativo, turístico e de serviços, uma cidade de história, mistérios e tradições. Foi o rei Dom Afonso II, o Casto, quem ordenou a construção de uma capela para a arca de mármore, mais tarde substituída por uma primitiva basílica, até que em 1075 foi iniciada a construção de uma catedral românica, que terminou em 1211 como o maior templo da Península Ibérica, e o mais importante monumento da arte espanhola da Idade Média. Foi o papa Calixto, em 1221, quem criou o Ano Santo Compostelano , iniciando a celebração do ano Xacobeo, o Ano Santo, cada vez que o dia 25 de julho cai em um domingo. Os que cruzam o portal do peregrino, ponto final de uma longa caminhada,cumprem também o ritual de abraçar o santo e receber um diploma tradicional. Quem perdeu a chance de ontem, vai ter que esperar mais 11 anos até que aconteça outro ano Xacobeo.Mas as festas especiais continuam até o dia 31 de julho. Graças ‘a simbólica rota jacobeia, considerada como o Primeiro Itinerário Cultural Europeu, foram assentados os pilares da civilização ocidental. O símbolo dos peregrinos é a concha da vieira e o cajado. Antiga sede episcopal e universitária, os cerca de 100 mil habitantes de Santiago de Compostela recebem turistas o ano todo na cidade contornada pelo rio Sar e separada apenas 34 quilômetros da costa. A capital do Apóstolo tem ao longo do ano uma grande oferta de eventos culturais, como teatro, cinema e atrações ao ar livre. No outono europeu são realizados os Encontros no Camiño de Santiago e o auditório no Parque da Música oferece concertos e shows. A Semana Santa leva milhares de fiéis ‘as procissões solenes, como o Encontro dos Silenciosos, prelúdio das festas da Ascensão, que acontecem em maio, caracterizadas pelas “pulpeiras” que se celebram na carballeira de Santa Susana e os ranchos folclóricos mostram o melhor da arte popular. Julho, como não poderia deixar de ser, é um sucessão de cerimônias religiosas, manifestações populares, desfiles de trajes regionais e espetáculos de bandas musicais. As festas começam dez dias antes, mas é na noite de 24 de julho que o Obradoiro fica iluminado com fogos de artifício e cores, em um espetáculo mágico, homenageando o Santo Apóstolo. Danças regionais e música na típica gaita de fole celebram a data. O Botafumeiro, imenso recipiente de prata puxado por vários padres, enche de fumaça de incenso a catedral, criando uma aura especial.ROTAS DA FÉAtravessar a Espanha a pé, seguindo de leste a oeste, faz parte do itinerário peregrino. O Caminho Francês é o mais popular, começando nos Pirineus, passando por Roncesvalles (por Navarra) ou por Aragon. As duas rotas se junta em Puente la Reina, para continuar até La Rioja e Castilla y León, em direção ‘a Galícia. O Caminho do Norte começou a ser utilizado pelos peregrinos que procuravam evitar o território ocupado pelos muçulmanos na Idade Média. Um dos grandes atrativos é a paisagem, com grande parte do caminho feito ao longo da costa, entre montanhas, deslumbrando o Mar Cantábrico. Há a possibilidade de seguir, a partir de Oviedo, pelo Caminho do Norte ou o Caminho Primitivo.Todas as rotas permitem descobrir as riquezas culturais e naturais da Espanha. E ninguém vai deixar de provar a culinária, também um verdadeiro culto em Santiago. Frutos do mar, com destaque para as centolas, lagostins, peixes da ria ou o polvo ‘a feira. Tabernas e restaurantes, casas de comidas, oferecem pratos com base em carne de porco, guisados de vitela, pimentos Padrón ou o lacón com grelos (porco cozido com batatas e brócoli), empadas de polvo, sardinha ou berbigão. Tudo acompanhado do bom vinho Albariño ou o especial Ribeiro, que tem denominação de origem própria desde 1976. Os queijos (de tetilla) são um creme, não curado, feitos com leite de vaca, e são servidos como entrada. A Tarta de Santiago, feita com amêndoas e açúcar, leva como marca a cruz do Apóstolo e as filloas, doce de ovos, açúcar e mel, são encontradas em torno dos Mosteiros de San Paio e de Belvís, preparados pelas freiras. Na região do Obradoiro, praça central em frente ‘a Catedral, as ruas mais centrais estão lotadas de lojas com lembranças de Santiago. Os trabalhos artesanais mais procurados são os de prata ou metal mais simples, repetindo conchas, terços, miniaturas do botafumeiro, além de amuletos celtas e peças em cerâmica colorida, típica da região. Nas lojas mais tradicionais ainda há peças em rendas de Camariñas. Não esquecer da aguardente, indispensável para as mágicas queimadas, festas com música e bebida, que acontecem a toda hora, quando chega a noite.






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