No último boletim da ACACS há uma boa estatística que foi elaborada a partir de dados recebidos do associado honorário, Acácio Paz, que é hospitaleiro brasileiro com albergue em Viloria de Rioja (Burgos, no “Caminho Francês”), além do uso de outras fontes, a partir do que conseguiram elaborar as seguintes tabelas:
"A importância da análise estatística, principalmente quando convertida em porcentagens, é perceber tendências do movimento peregrinatório e, a partir daí, melhor orientar os futuros peregrinos.O “quadro 01”, ao exibir a distribuição de peregrinos ao longo dos meses do ano, revela uma maior concentração entre maio e setembro. Esta é uma tendência que se mantém relativamente constante ao longo do tempo, e tem por explicação as condições climáticas: a partir de outubro, os peregrinos passam a enfrentar mais frio e, no inverno, muitos albergues sequer funcionam. Para peregrinar no inverno o peregrino precisa contar mais com a infraestrutura hoteleira, o que lhe impõe gastos expressivos. O quadro também demonstra que, embora o número total de peregrinos tenha aumentado em cerca de 10% de um ano para o outro (de 2007 para 2008), esse aumento foi distribuído de maneira irregular ao longo dos meses do ano. Por exemplo: houve um número bem maior de peregrinos em MAR/08 do que no mesmo mês do ano anterior, a mesma desproporção se observando em relação a DEZ, com claros reflexos nos meses próximos. Tal fato, porém, não invalida o que foi dito no início: a maior parte dos peregrinos concentra-se entre maio e setembro.
O “quadro 02” revela que o número de estrangeiros trilhando o Caminho de Santiago supera o de espanhóis. Temos informações no sentido de que os espanhóis se sentem estimulados a fazer o Caminho justamente pelo valor que lhe dão as pessoas que deixam seus países para peregrinar pela Espanha. Observa-se, também, que a proporção se manteve estável de um ano para o outro.
O “quadro 03” revela o predomínio de alemães entre os estrangeiros. Em 2005, conforme estatística publicada no Boletim Ultreya (BU) de SET/2007, os alemães ficavam atrás dos italianos. Considerando que o aumento médio entre 2007 e 2008 foi de 9,75% (cf. quadro 01), o crescimento da nacionalidade alemã ficou acima da média, bem como o da austríaca (135,29%), irlandesa (40,83%) e holandesa (12,63%), enquanto a brasileira experimentou pequeno decréscimo, embora tenha havido aumento de 17,67% com relação a 2005.
O “quadro 04” demonstra o predomínio de mulheres no Caminho, em proporção que se manteve estável nos dois últimos anos. A surpresa, porém, ocorre quando analisamos essa distribuição em 2005 (BU SET/07), quando as mulheres representavam 40,70% dos peregrinos, e os homens 59,30%. Ou seja: ocorreu uma clara inversão em pouquíssimo espaço de tempo. O que explicaria isso?...
O “quadro 05” nos mostra que mais de 50% dos peregrinos possuem 36 anos ou mais, o que nos permite dizer que trilhar o Caminho de Santiago é, sobretudo, uma experiência da “maturidade”.
O “quadro 06” nos diz que a forma mais comum de se peregrinar é também a mais tradicional: quase 83% fazem a peregrinação a pé, tendência que se mantém relativamente estável desde 2005 (81,63%). Embora se tenha observado um salto na modalidade “cadeira de rodas”, mesmo aí há certa estabilidade quando tomamos um intervalo de tempo maior.
O “quadro 07” revela que, embora sejam numerosas as pessoas que trilham o Caminho por motivos declaradamente não-religiosos, cerca de 90% ainda atribuem à religião a exclusividade ou ao menos parte das razões que os lançaram rumo a Santiago.
O “quadro 08” é um dos que mais denotam o sentido do que chamamos de “tendência”, principalmente se o compararmos com os dados relativos ao ano de 2005. Naquele ano, 84,53% dos peregrinos percorriam o “Caminho Francês”; esse percentual foi de 80,57% em 2007 e 78,89% em 2008. A que se deveria isso? Pode-se cogitar de pelo menos três hipóteses, que podem ser consideradas em conjunto: a) observa-se certa “saturação” do Caminho Francês; b) peregrinos que já trilharam o Caminho Francês, ao buscar novamente a experiência de peregrinar, optam por uma rota diferente; c) maiores investimentos nas outras rotas (melhoria da infraestrutura de apoio ao peregrino), o que serve de atrativo para os peregrinos.
O “quadro 09” mantém conexão lógica com o “quadro 07”: se 90% das pessoas que percorrem o Caminho de Santiago reconhecem em si motivos religiosos, compreensível que haja uma busca maior dessa experiência nos chamados “anos santos” (v. matéria a respeito, neste boletim). No entanto, não deixa de ser impressionante o grau dessa variação. Mas o quadro traz uma série de outras informações interessantes. Vê-se, por exemplo, que até 1985, era praticamente inexpressivo o movimento peregrino no Caminho; a partir de 1986, ele entrou numa curva ascendente que, praticamente, permaneceu apontando para cima até nossos dias, de modo que desde 2006 ela se mantém acima de 100.000 peregrinos/ano. Mantida a tendência, não seria absurdo imaginar que, em 2009, próximo “ano santo” compostelano, o número de peregrinos possa superar o patamar de 200.000, impondo a todos os que trabalham para acolhê-los um desafio e tanto!"
Extraido do boletim ULTREYA! www.santiago.org.br
Onde encontro este informativo? Como posso recebe-lo? Valeu. carl66@yahoo.com.br
ResponderExcluir