Caminho de Santiago de Compostela - O Caminho Francês Original

terça-feira, 21 de julho de 2009

O Caminho Invisível

São mais de 700Km à pé ou de bike por estradas rústicas e asfalto passando por lugarejos isolados.Mesmo com todo desconforto fazer o Caminho de Santiago atraí cada vez mais pessoas do mundo todo.

Por: Jeane Dalbo, Publicado em 20/07/2009 - 00h18 - extraído de: http://www.extremos.com.br/noticias/090720-O-Caminho-Invisivel.asp

"Uma pesquisa rápida entre as pessoas que estão no Caminho de Santiago revela que o que as inspirou a iniciar esta jornada foi a leitura do livro do Paulo Coelho, conhecido no Brasil com o título de Diário de um Mago, com outros títulos em diferentes idiomas. Surpreso? Não dá para afirmar com certeza se a edição do livro em outros idiomas foi responsável pela descoberta do Caminho de Santiago ou pela revitalização ou até mesmo pela superlotação do mesmo. Por outro lado ainda que geograficamente próximos ao Caminho muitos europeus jamais ouviram falar nesta via de peregrinação.
Chamar o Caminho de Santiago, atualmente, de uma via de peregrinação e as pessoas que o frequentam de peregrinos, é apenas uma generalização, pois, o que o Caminho de Santiago menos tem é peregrinos de fato. Mesmo porque seria difícil selecionar, entre tantos caminhantes, quem são os verdadeiros peregrinos e nem é esse o objetivo de quem administra o Caminho de Santiago. Não se faz uma rigorosa investigação para saber quais são os verdadeiros motivos de cada viandante, apenas uma estimativa.
O Caminho de Santiago é uma via aberta para quem quiser e puder ir desfrutar dela como quiser e pelo tempo que quiser. Se for a passeio, ou uma oportunidade para conhecer pessoas e fazer amizades ou namorar. Se for em busca de autoconhecimento ou de superação. Se for para pensar na vida, para ter tempo para si mesmo antes de tomar uma decisão importante, isso tudo, embora incomode os mais antigos, pouco importa para a maioria que sobrevive do Caminho.
Há pessoas de todos os continentes transitando pelo Caminho. Falam o tempo todo. Impressionantemente, fala-se mais dialeto que um idioma padrão. Quando em grupos os espanhois falam seu dialeto da sua província e não espanhol que você estudou para falar no Caminho. Mas não deixe de estudar espanhol, pois, falar o idioma deles o torna mais simpático, já que não os obriga a falar o nosso ou o inglês.
Quem vai fazer o Caminho de Santiago por motivação religiosa precisa estar consciente que o que menos vai encontrar é religiosidade no Caminho. As igrejas e catedrais estão lá, nem sempre abertas, os padres e freiras são raros. Silêncio, nem mesmo nas igrejas poderá ser encontrado. A maioria das pessoas que fazem o Caminho sequer entra nas igrejas. Não teem religião ou não seguem a religião católica. Mas isso não as impede de estar ali. Para o peregrino religioso, o Caminho pode ser uma provação e uma lição de como viver na prática e no dia a dia os preceitos cristãos. Se a pessoa se apegar a ideias pré-concebidas poderá odiar a experiência, mas se estiver aberta para o que for aparecendo poderá deixar muito do que trouxe consigo para trás e voltar para casa mais leve. De certa forma o Caminho depende dos turistas para sobreviver. E não se deve menosprezá-los, pois, graças a eles o Caminho está ativo. Do contrário poderia não existir mais.
O Caminho de Santiago tem muitos caminhos, diferentes pontos de partida. Na verdade, pode-se começar o Caminho desde onde se mora. Todavia, o percurso mais famoso e mais frequentado é o chamado Caminho Francês que pode iniciar-se na cidade de Saint Jean Pied-Port (Fr) ou em Roncesvalles (Es).
Para quem opta por fazer o caminho longo deve estar preparado para andar em média 27 Km por dia durante pelo menos 30-34 dias. Há determinadas épocas que são mais propícias para ir ao Caminho. Em geral recomenda-se o final de maio e junho e depois final de setembro até meados de novembro. Meses antes e depois a temperatura já está mais baixa e nem todos os albergues estarão abertos. O período de verão é desaconselhável devido à superlotação. Quem optar pelos meses de julho, agosto e setembro terá que enfrentar o calor, a falta de lugar para pernoitar, mais barulho e os preços altos.
A Associação dos Amigos de Santiago concederá o certificado de peregrino (Compostelana) a quem fizer os últimos 100Km à pé e os últimos 200Km de bike. Portanto não é necessário fazer todo o percurso do Caminho Francês. Há quem diga que fazer apenas 100Km não é fazer o Caminho, então é possível fazer o Caminho em etapas. Um pouco a cada ano. Por outro lado, oferecer uma alternativa àqueles que não podem ou não tem condições de ficar tanto tempo ausentes de suas tarefas é uma solução aceitável. Ela permite que muitas pessoas, de todas as idades, possam ter a experiência única de chegar à Santiago de Compostela e abraçar o Santo.
Seja qual for o objetivo, ele será constantemente testado. A única mágica possível é estar 100% aberto. O Caminho é, na verdade, invisível.Ele está lá fisicamente, mas só existe para quem o trilhar passo a passo. Se for em busca de algo extraordinário, se for tentar repetir a experiência de algum livro, poderá se decepcionar.
O que fica do Caminho é a sensação de que se superaram alguns obstáculos para transpô-lo: noites mal dormidas ao som da sinfonia do ronco, dormir em beliches com mais de cem pessoas no mesmo ambiente. Tomar banho rápido porque tem uma fila na porta que também precisa tomar banho. Lavar a roupa no banheiro, comer sanduba por um mês, respirar fumaça de cigarro enquanto está comendo no restaurante ou no bar, acordar cedo porque a maioria acorda e começa a mexer nas coisas, suportar dor muscular, bolhas nos pés, sol, poeira, chuva, vento gelado,longos trechos sem uma alma viva, nem sombra, nem banco para sentar, nenhum bar para tomar um café con leche, uma cervesa, um refri bem gelado, un vaso de vino , água de fonte, ou comer um bocadillo, um menu del peregrino. E chegar a vilarejos onde não há nada, nem ninguém, ou nada haveria se os peregrinos não passassem por aquele lugar. Ser tratado como um invasor pelos Bascos e com carinho pelos burgueses e castelhanos, e no fim ser ignorado pelos galegos.A vida do peregrino pode ser uma festa intercalada por dores, aliviada pelo candy, o apelido de um relaxante muscular que muitos tomam diariamente. A vida do caminhante pode ser prazerosa, pode até ter experiências místicas, tudo depende de como cada um fará o ritmo do seu caminho. Da disposição que cada um terá em se abrir para o que encontrar e aproveitar o que o Caminho lhe dá deixando de lado o que não precisa levar. Sem uma genuína disposição, sem perseverança o Caminho para muitos será sempre invisível. Sairão dele como entraram ou encontrarão apenas o que precisam encontrar, mas talvez nunca cheguem a perceber o que encontraram. O Caminho para estes foi de fato invisível."

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Cinco mil peregrinos acolhidos no albergue

Em S. Pedro de Rates, há, desde 2004, um "porto de abrigo" para quem vai a camin ho de Santiago de Com postela. Ali, pode-se descansar, tomar banho, cozinhar sem ter de dar nada em troca.
Chegam mais dois: mochilas de campismo às costas e um pau na mão, que auxilia a caminhada. Queixam-se do calor, mas estão felizes por ver cumprido o primeiro de dez dias de peregrinação, que terminará em Santiago de Compostela. O casal francês juntou-se aos quatro alemães já instalados no Albergue de Rates (Póvoa de Varzim), que, desde 2004, já acolheu mais de cinco mil peregrinos.
"Bem-vindos!", recebe-os à entrada Nuno Ribeiro, o responsável pela criação do albergue, que ajuda, de imediato, no transporte das mochilas.
Ali, no primeiro albergue gratuito de peregrinos aberto em Portugal, em pleno Centro Histórico de S. Pedro de Rates, numa antiga exploração agrícola, em 2007, integrada no Ecomuseu da freguesia poveira, é sempre assim, 365 dias por ano: portas abertas e sempre alguém a chegar.
São homens, mulheres e até crianças, que, na sua maioria a pé, percorrem o caminho central português, entre o Porto e Santiago de Compostela. No albergue, encontram o "porto de abrigo" para uma noite de descanso.
"Gostamos muito de andar e esta é, também, uma viagem espiritual", explica, ao JN, à chegada ao Albergue, Marylia Cabane, num português com sotaque brasileiro, que aprendeu quando estudou Arquitectura no Brasil. Ivan Tanasic, o marido, carpinteiro de 41 anos, pede-lhe que nos diga que já fez o caminho do Norte, da fronteira com a França até Santiago de Compostela, e "adorou". Por isso, este ano, o casal decidiu dedicar parte das férias a "uma viagem diferente".
A primeira etapa, explica Marylia, "correu muito bem". "O problema é o calor e o peso da mochila: 17 quilos às costas", continua a contar a peregrina de 34 anos, enquanto se prepara para carimbar a credencial, completando, assim, oficialmente, o primeiro dia.
Nuno mostra os quartos com beliches, com capacidade para 45 pessoas, as casas de banho e a cozinha, com fogão e frigorífico, onde podem preparar as refeições.
Em plena comunhão com a natureza, o espaço, do qual faz ainda parte um pátio interior, com tanques e estendais para a roupa, e uma antiga eira, recebe elogios.
O Albergue de Rates é gratuito. No seu interior, quase todo o mobiliário foi oferecido por peregrinos. À entrada, está uma caixa de donativos. A totalidade das obras de melhoramento do espaço foi feita com dinheiro deixado voluntariamente por quem lá passa. Quem chega fica uma noite e segue viagem. Não raras vezes, Nuno e Lurdes, a hospitaleira do albergue, ambos voluntários, organizam, à noite, a tradicional "queimada galega", uma forma, explica, "de quebrar o gelo" entre peregrinos de várias nacionalidades.
"A ideia, nos caminhos de Santiago, não é chegar o mais rápido possível, é desfrutar da paisagem - e, por isso, os caminhos seguem estradas secundárias - e da espiritualidade", conta Nuno, acrescentando que, por isso mesmo, a maior parte dos peregrinos que faz o caminho segue pelo prazer de uma viagem espiritual, interior e única.

Opa... em 2010 temos de passar em Leria

Feira Medieval regressa a Ansião
A Feira Medieval de Santiago da Guarda, concelho de Ansião, dinamizada em torno do complexo monumental ali existente, avança para a sua IV edição, com um programa cultural, social e turístico já consolidado.Na edição deste ano, faz saber a câmara de Ansião, a Feira Medieval assume “um programa mais ambicioso, abarcando contributos profissionais, mas também das colectividades e associações do concelho, desde sempre parceiras activas” do certame.A Feira irá decorrer no próximo fim-de-semana, com portas abertas ao público a partir das 16h00, altura em que será realizado um cortejo régio pelas praças do burgo, com a recepção da comitiva de El-Rei D. Diniz. Seguir-se-á uma arruada musical e exercícios de falcoaria. Pelas 17h00, terá lugar uma mostra de armas e, às 18h00, será lido o Tratado de Badajoz, pelo qual Afonso X renunciou definitivamente à posse do reino do Al Garb al andalus a favor de D. Dinis, ainda em tempo de seu pai D. Afonso III.Pelas 18h30, haverá festejos populares e uma corrida de carroças dos miseráveis. Meia-hora mais tarde, serão recriados os corpos de besteiros do conto, com a entrega das béstas aos vilões do concelho.“Comeres de antanho com tempero mourisco e beberes suaves nas tabernas do burgo” não faltarão na Feira Medieval, logo seguidos de cantigas de amigo por trovadores galaico-portugueses e o anúncio da adopção da língua vulgar como língua portuguesa.Pelas 21h00, o ataque do Saltimbanco da Charneca irá ‘invadir’ a praça do burgo e, mais tarde, terá lugar a festa sarracena, com danças do ventre, danças sufi e a arte do encantador de serpentes. O rapto das Freiras e seu resgate da Torre para onde haviam sido enclausuradas pelos castelhanos acontece às 22h30, terminando este dia com música das três culturas e malabarismo de fogo. No domingo, o programa conta com a chegada dos romeiros de Santiago de Compostela e seu agasalho pelas 15h30. Uma hora mais tarde, D. Dinis confirma a autorização papal para a Ordem de Santiago eleger um provincial independente da Hispânia e anuncia a criação da Ordem de Cristo com os bens dos Templários. Pelas 17h00, acontece o cortejo régio, com o desfile de trajes e andrajes e licitação de alguns cativos.Um torneio de armas em homenagem a D. Isabel de Aragão e a lenda da origem de Ansião acontece pelas 18h30 .Pelas 21h00, momento de “alguma tensão”, com o Juízo Eclesiástico de heréticos e relapsos e os seus castigos, a que se seguirão danças e folguedos na praça do burgo. A lavagem dos cestos marca o final da Feira, que acontece pelas 23h00. Organizada pelo Município de Ansião em colaboração com colectividades e associações do Concelho, a Feira Medieval de Santiago da Guarda acontece em paralelo com as Festas da Amizade, dinamizadas pelo centro de Amizade e Animação Social de Santiago da Guarda.
em: http://www.diarioleiria.pt/19801.htm