Caminho de Santiago de Compostela - O Caminho Francês Original

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Para se preparar para Compostela

Existem alguns caminhos criados no Brasil com alguma estrutura de apoio ao peregrino que podem servir de treinamento para o Caminho de Santiago.
Eles estão espalhados pelo Brasil e têm distâncias bem variadas... com certeza algum servirá para o seu treino.
CAMINHO DA FÉ
http://www.caminhodafe.com.br/principal.html
"Caminho da Fé" é uma trilha de peregrinação, com aproximadamente 400 km de extensão, inaugurada em 11/02/2003, que vai de Tambaú, no interior de São Paulo, até Aparecida do Norte, no Vale do Paraíba/SP, atravessando a Serra da Mantiqueira, pelo sul de Minas Gerais.Inspirado no famoso Caminho de Santiago de Compostela, da Espanha, narrado pelo escritor Paulo Coelho em “O Diário de um Mago”, o caminho brasileiro foi idealizado por um grupo de Águas da Prata, liderado pelo presidente da Associação Comercial da cidade, Almiro José Grings, que percorreu a trilha européia por duas vezes. Faz parte dos objetivos do Caminho: proporcionar às pessoas que se dispuserem a percorrê-lo, momentos de reflexão e fé, saúde física e psicológica, e um passeio turístico ecológico. Aos municípios por onde passa a Rota, a meta é propiciar maior integração regional, desenvolvimento sustentável, com geração de novos empregos e oportunidades, e sua propagação no Brasil e exterior.
CAMINHO DO SOL
http://www.caminhodosol.org/index.htm
O Caminho do Sol, é um roteiro idealizado pelo senhor José Roberto Palma, para se criar uma nova rota turística que cruza 13 cidades do interior paulista, iniciando em Santana do Parnaíba , passando por Pirapora do Bom Jesus, Cabreúva, Itu, Salto, Indaiatuba, Elias Fausto, Capivari, Mombuca, Saltinho, Piracicaba, Ártemis, chegando em Águas de São Pedro. O percurso total tem aproximadamente 240 Km de extensão. Ele foi criado para se fazer a pé, o que levaria 10 dias. Ele é todo sinalizado com setas amarelas a exemplo da trilha espanhola e passa por áreas rurais, matas, fazendas do período colonial e quase todo caminho margeia os rios Tietê e Piracicaba.
A exemplo do caminho de Santiago há uma credencial e um certificado para quem o percorre à pé ou de bicicleta. Só não conte com a indulgência da igreja... está não está no pacote.
CAMINHO DAS MISSÕES
O projeto "Caminho das Missões Jesuítico-guaranis" é um roteiro místico/cultural de peregrinação que percorre os mesmos trajetos que ligavam os antigos povoados missioneiros e que compunham o conjunto - urbano e rural - das Missões Jesuíticas, cujos remanescentes encontram-se, hoje, situados em parte do território brasileiro, argentino e paraguaio. As antigas trilhas guaranis, os caminhos missioneiros e, depois, as velhas estradas dos tropeiros serviram de orientação para o traçado do caminho que ora se apresenta como uma jornada, seja de peregrinação mística, ou de pesquisa, lazer ou esporte. O percurso indicado segue naturalmente a mesma orientação dos antigos caminhos, hoje relativamente modificados pela ação do homem e suas necessidades de exploração do espaço. Segue, também, pontos de interesse que servem como referenciais históricos e místicos para o caminhante.

ESTRADA REAL

http://www.estradareal.org.br/index.asp

Um dos maiores complexos turísticos do BrasilA Estrada Real foi sendo construída nos muitos anos de idas e vindas, das Minas ao litoral, desde o século XVII, em busca das riquezas. Caminhar pela Estrada Real é reviver os passos e os caminhos pecorridos pelos escravos, pelo ouro e pela história. Constituída, ainda, pelas vias de acesso, os pontos de parada, as cidades e vilas históricas que se formaram durante o passar dos homens e do tempo.Inicialmente, o caminho ligava a antiga Villa Rica, hoje Ouro Preto, ao porto de Paraty, mas pela necessidade de uma via de escoamento mais segura e mais rápida ao porto do Rio de Janeiro e, também por imposição da Coroa foi aberto um "caminho novo". A rota de Paraty passou a ser o "caminho velho", a partir do século XVIII. Com a descoberta das pedras preciosas na região do Serro, a estrada se estendeu até o Arraial do Tejuco (atual Diamantina), deixando Ouro Preto como o centro de convergência da Estrada Real.Assim se formou o complexo da Estrada Real, ou seja, mais de 1400 km de patrimônio, cercado de montanhas, natureza, cultura e arte. Conhecer a Estrada Real é reviver o passado e a história de Minas e do Brasil.Assim como as riquezas que foram extraídas da terra, venha explorar as belezas da região, a pé, a cavalo, de bicicleta ou de carro em um passeio inesquecível pela Estrada Real. São mais de 600 km de Paraty até Ouro Preto e mais de mil até Diamantina.

CAMINHO DA LUZ

http://www.caminhodaluz.org.br/index.html

À pretensão foi remontar uma rota que era percorrida por tropeiros, religiosos e aventureiros na travessia dos Estados do Rio de Janeiro para o Espírito Santo, passando por Minas Gerais, e também de proporcionar à esta região uma alternativa turística, criou-se o Caminho da Luz, uma rota de peregrinação que tem início em Tombos (Portal de Minas), onde está situada a quinta maior cachoeira em volume de queda d’água do país, e é concluído no Pico da Bandeira, o terceiro mais alto do país e o primeiro mais alto acessível. A exemplo do caminho do Sol e do caminho de Santiago, há uma credencial e um certificado para os participantes.

OS PASSOS DE ANCHIETA

http://www.abapa.org.br/

Os Passos de Anchieta é o nome do roteiro que reconstitui a trilha habitualmente percorrida pelo Padre Anchieta nos seus deslocamentos da Vila de Rerigtiba , atual cidade de Anchieta,. á Vila de Nossa Senhora da Vitória onde cuidava do Colégio de São Tiago, em caminhadas quinzenais que ele empreendia nos últimos anos de sua vida quando preferiu recolher-se à vila indígena nas costas do Espírito Santo que tanto lhe evocava a sua San Cristoban de Laguna, em Tenerife, nas Ilhas Canárias, onde nasceu.
A força da personalidade que seguramente foi um dos maiores nomes do Brasil no primeiro século deste país e o interesse em conhecer um de seus cenários prediletos tem atraído um público especial de várias partes do país, nos últimos anos. Seguramente a rota dos Passos de Anchieta é uma das primeiras das Américas e a primeira do Brasil. Em sua extensão original poderia ser considerada das maiores do mundo visto que se estenderia de São Paulo de Piratininga ao Recife, terreno percorrido pelos eméritos andarilhos que eram os soldados da Companhia de Jesus.

CIRCUITO DO VALE EUROPEU

http://www.circuitovaleeuropeu.com.br/

Este é o primeiro roteiro no Brasil planejado especialmente para ser percorrido de bicicleta. O trajeto foi traçado de forma a fugir das estradas de asfalto, priorizando assim as estradinhas de terra mais bonitas e tranqüilas. Todas as distâncias, relevo, atrativos culturais e ecológicos foram pensados de forma que o cicloturista tire o máximo proveito de sua estadia no Vale Europeu.
O Circuito tem um total de 300km com início e término na cidade de Timbó-SC, a cerca de 30km de Blumenau. O percurso pode ser dividido em parte alta e parte baixa. A parte baixa acompanha o vale dos rios, indo de Timbó até Rodeio. Possui subidas e descidas, é claro, mas retorna sempre a uma altitude pouco maior do que a do nível do mar. Por estas características de relevo, pode ser feito por pessoas que possuam um condicionamento físico razoável e uma certa experiência com bicicleta.
Já na parte alta, o Circuito sobe a serra em direção às represas, que ficam a cerca de 700m de altitude. É uma região um pouco mais isolada, onde a natureza está muito presente. São freqüentes os trechos em que a estradinha estreita se embrenha na mata e permite que o cicloturista fique muito próximo dos pássaros e outros pequenos animais. O relevo é mais acentuado e exige um bom preparo físico para enfrentar alguns desafios como os longos trechos de subida, e uma certa experiência em cicloturismo, uma vez que o roteiro cruza locais menos habitados. Embora seja destinado especialmente ao cicloturismo e não a peregrinação a pé, também tem uma credencial e um certificado de conclusão.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Lendas do Caminho de Santiago

Para se aprofundar nas histórias do Caminho

Sugestão de leitura deste mês é o interessante livro "Lendas do Caminho de Santiago - A rota através dos mitos e ritos" de Juan G. Atienza. Neste livro você encontrará uma saborosa leitura sobre relatos, lendas e casos curiosos ocorridos na trilha do caminho de Santiago. São casos interessantes mas que, com certeza, interessarão muito mais àqueles que estiveram percorrendo o Caminho, haja vista que conhecerão nomes e localidades. Para quem não fez o percurso o livro pode ser meio aborrecido.

Entanda-se também que é um livro de lendas e que em tempo algum trata de um relato de peregrinação, como a maioria dos livros publicados no Brasil, tampouco de uma guia que traga uma rota ou sugestões a serem seguidas. É uma boa coletânea de mitos que aumentam o conhecimento geral do lado místico que envolve o caminho.
Neste sentido o livro é bastante bom, oferecendo uma pesquisa aparentemente sólida, que transmite uma sensação de segurança ao leitor, pois, ao contrario da maioria da literatura nacional que se apóia geralmente em relatos verbais ouvidos pelas jornadas de seus autores, o autor deste livro é um conhecido pesquisador e historiador espanhol.
Eu gostei e recomendo.

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Caminho Português

Oba... já temos a idéia para a próxima peregrinação à Santiago de Compostela: Fazer o caminho português, ou a via lusitana, como também é conhecido.
O caminho português é bastante curto pois começa na cidade do Porto apenas 230 km de Santiago de Compostela.Isso dá possibilidade de fazermos um pouco mais e um pouco mais devagar. Daí a idéia, a ser maturada ainda, de sairmos de Lisboa, 250 km ao sul da cidade do Porto, de lá ir para Sintra e em seguida começar o caminho do Tejo que leva da região de Lisboa até Fátima. Em seguida seguir para Santiago numa rota tradicional de peregrinação, ainda que não muito desenvolvida. Chegando na Cidade do Porto inicia-se o caminho Português mais tradicional e o mais bem estruturado, tanto de sinalização como de recursos para o peregrino.
Já estou atrás dos mapas e das informações necessárias... vamos ver o que encontro.
A idéia é bastante otimista e pessimista... Pessimista porque acredito que não consegurei realizar este projeto nos próximos anos, mas otimista já que o plano é organizar-se para ir apenas no primeiro semestre de 2010, já que é ano santo em Santiago de Compostela.
A companhia? Além dos 3 inseparáveis amigos alguém mais se habilita? Cris? Vamos pedalar? Seria um barato viajarmos juntos de bike.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Resumo

O Edú elaborou um resumo do que fizemos, com as datas e cidades em que dormimos e almoçamos para nos localizarmos melhor... achei prático para organizarmos as fotos, embora eu ainda não tenha acabado esta organização... 3800 fotos é muita coisa para peneirar...
Este cronograma foi de boa medida... serve de dica para quem tiver 15 dias para fazer o caminho de bicicleta, ou ao menos de parâmetro para você pensar seu próprio roteiro e paradas.

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Como seguir pelo caminho?

O percurso entre o ponto de partida e Santiago de Compostela, até a catedral, pode ser muito longo... no nosso caso, que saímos de Saint Jean Pied du Port, França, foi de 900 km. Como seguir num caminho tão longo sem se perder? No nosso caso passamos por mais de 100 diferentes cidades... de 5 a 10 km entre elas repletos de bifurcações. Em cada cidade o caminho passa pelo albergue - em algumas são dois ou três - passa pelo centro de turísmo, quando existente, passa pela praça central e pela igreja matriz... ufa!. Imagine quantas esquinas dentro da cada cidade... quantas curvas temos de fazer, quantas escolhas e decisões de que caminho seguir... vezes 100 cidades... vezes 900 km... faça as contas... quantas oportunidades de se perder e ir parar lá em Ibiza... o que pode ser bem interessante afinal.
Lembrando ainda que o percurso mais tradicional é o que fizemos, mas que este é só um dos percursos possíveis... existe o Caminho Português, o Caminho Inglês... pode começar o caminho que em Paris, em Roma, em Amsterdan... enfim, a Europa inteira pode ser origem para a caminhada. Mas como não estamos no antigo império Romano, onde todos os caminhos conduziam a um só destino, como fazer para ter certeza que estamos indo na direção certa?
Com este objetivo os mantenedores do caminho colocaram de tanto em tanto vários sinais facilmente identificáveis que nos mantém na rota certa. Em cada esquina, em cada bifurcação, em cada ponto de dúvida há uma flecha amarela, uma concha, um sinal indicativo que nos mostra qual a rota certa.
No começo, assim que saímos do primeiro albergue, ficamos meio apreensivos de como seguiremos um mapa cruzando um país por estradas secundárias... Parece que o mapa é a nossa única esperança de chegar lá e ao mesmo tempo um bicho de 7 cabeças...
Logo na porta do albergue vemos a primeira flecha. Elas já eram famosas pois muitos já haviam escrito sobre elas.
Logo que seguimos a primeira flecha vamos encontrando as ruas e estradas que aparecem nos mapas... opa, está dando certo, mas ainda há uma certa insegurança em seguir estes sinais... o mapa é o apoio que confirma a rota. Com o passar dos quilometros vamos cada vez mais confiando nos marcos e logo apenas eles nos guiam, o mapa vira um mero apoio para sabermos quantos quilometros faltam ou qual é a próxima cidade... mas sem dúvida o caminho é feito seguindo-se apenas as setas. Tantoq que quando ficamos muito tempo sem ver uma delas logo nos preocupamos... - será que erramos o caminho? - logo aparece o marco salvador indicando que estamos no caminho certo. Ele está lá... na parede, no postinho de cimento, feito de pedras, na concha colocada no calçamento, na flecha pintada no meio-fio... ele está lá. Se você percorre muito tempo sem ver algum deve voltar e refazer o caminho... em algum lugar você errou o caminho e vai ver a seta discreta que passou desapercebida.
Algumas vezes ele é extremamente redundante... dois ou três marcos na mesma esquina... outras vezes é bastante discreto... apenas uma conchinha amarela colada numa parede, uma setinha pintada numa placa de sinalização de trânsito, uma seta formada por pedras colocadas no caminho por alguns peregrinos...
Mas não tenha dúvida... você vai ficar extremamente sensivel a estes sinais, vai percebe-los à distância, sem nem sentir vai estar no caminho certo e quando se der conta vai estar no marco zero.
Bem, não deixe de ter um mapa... um bom guia pode lhe dar a segurança de saber quanto falta para a próxima cidade... se esta é pequena ou grande, se tem albergue, etc... Mas quanto ao caminho certo... é só seguir as setas.

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

A chegada

A chegada em Santiago é emocionante... mas isso é óbvio, eu sei... afinal todos dizem em seus relatos como choraram, como se abraçaram, como se emocionaram ao reencontrar companheiros do caminho, como se arrepiaram ao ver a catedral... Não precisa ir até lá para saber disso.
Mas a chegada é mesmo uma emoção a parte... tão perto e tão longe. Explico... quando faltam poucos quilometros e já estamos chegando na cidade começa a zona comercial... roda-se bastante por ali até chegarmos no centro da cidade... até então é só uma cidade.... mais uma... cheia de carros, calçadas, pessoas, buscando as flechas amarelas que insistem em se esconder. Quando chegamos no centro começamos a sentir a energia dos grandes centros urbanos... muita gente caminhando pelas ruas que deixam de ser ocupadas pelos carros para fazerem parte das calçadas que já não comportam mais a massa de gente. Mas é uma gente diferente da que se vê nas demais cidades médias do percurso.
Santiago é uma cidade de 93 mil habitantes... não é grande nem a maior pela qual passamos. Logroño tem 133 mil, Burgos 169 mil, León 145 mil, Ponferrada 63 mil, Pamplona 186 mil. Todas cidades grandes mais ou menos iguais... periferias mais feias, repletas de comércios, grandes vias expressas. Os centros são confusos, com ruas estreitas, prédios históricos e muitas pessoas caminhando pelo leitos das ruas. Mas na chegada ao centro de Santiago tem-se a impressão... depois achei que equivocada, que todos andam na mesma direção, todos vão seguindo em uma grande peregrinação para o centro, para a praça do Obradoiro, para a frente da Catedral. As pessoas são diferentes também... difícil determinar o que muda, mas com certeza o espírito da multidão é outro... e você está ali, fazendo parte daquilo e aquilo tem um sentido que só é sentido por quem chegou lá. não dá pra entender né?... eu achei também quando li dezenas de relatos... mas acredite... é diferente.
Chegando na praça constatamos que nosso amigo português mentiu desavergonhadamente para sua companheira de viagem: Não existem bares ao redor da praça do Obradoiro onde se pode sentar e ver os peregrinos chegarem emocionados. Se quiser esperar alguém, como esperamos o Nicolau, terá de fazer isso em pé ou sentado no chão e se chover, como choveu, vai correr para a marquise do Pazo de Raxoi (sede da Xunta - Prefeitura).
Na seqüência vai cumprir o ritual do peregrino: No altar da catedral vai passar pela escada que dá acesso ao próprio, por cima de onde onde está a tumba do apóstolo. Aí poderá ver a riqueza da catedral e do altar, os aparatos e afrescos são impressionantes. Existe um busto dele cheio de pedrarias e uma imagem famosa do Santiago matamoros. Descendo do outro lado do altar volta agora por baixo, onde poderá ver a arca e fazer sua oração de graças ao apóstolo.
Depois voltamos para a entrada principal, da praça do Obradoiro, onde está o Pórtico da Glória. Ali estão apóstolos, Jesus Cristo Ressuscitado, anjos, os condenados profetas, Santiago Apóstolo e o mestre Mateo, escultor que fez o pórtico. Aí reza a tradição peregrina deve-se colocar a mão bem ao centro da coluna central do pórtico e em seguida bater três vezes com a cabeça na cabeça da imagem do mestre Mateo, bem atrás desta coluna. Infelizmente o patrimônio de Santiago achou por bem proteger a obra de arte do desgaste que tais rituais estavam provocando e colocou uma grade que mantém o peregrino a uma distância segura do portal. Desde então não se pode mais pedir a sabedoria do mestre com as batidinhas de cabeça... ou seja, voltei tão burro quanto fui.
Em seguida fomos ao lado da Catedral registrar nossa chegada, indispensável para quem quer receber a Compostelana. Atenção: quando perguntam se a viagem teve objetivo religioso ou religioso e outros (Turístico, cultural, esportivo, etc) ou não religiosos, é importante que se responda religioso ou religioso e outros se você pretende receber a compostelana... caso contrario a igreja fornece um documento de conclusão do caminho com a bênção da igreja, mas não é a compostelana, pois está só é dada para os que fazem a peregrinação com fim religioso. Claro que ao Edú dizer: "- Não religioso!" todos as pessoas do setor pararam para ver quem era aquele recém chegado... fez-se silêncio e em seguida todos olhavam e cochichavam ... Mas o Edú não é o anti-Cristo, é apenas sincero ou, como ele mesmo se define, não hipócrita.
O fato é que o certificado dele é diferente.
Depois voltamos para a praça do Obradoiro buscar o marco zero do caminho (Existe outro em Finisterra, mas isso está em outra história - postagem). feita a foto ali demos por concluído o caminho... 900 km de bike... vale a pena. Tenho certeza que farei de novo.
Em seguida ficamos procurando os botecos... Maldito português mentiroso... só encontramos nas transversais... e aí eles são muitos, intercalados com as lojas de lembranças. Achamos um bem bacana (cheio de calamares, peixes e lagostas na vitrine) e entramos felizes para almoçar e fazer hora para achar o Nicolau. Só descobrimos que ele ía atrasar bem mais tarde... mas ele chegou.
No dia seguinte a última etapa da peregrinação... fomos a missa do peregrino que ocorre todo dia ao meio dia... Nesta missa são listados todos os peregrinos que chegaram na vépera

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Léon

Saindo de León tem um rio e um parque... impossível não parar para curtir um pouco a natureza. Sei que parece papo de maconheiro... mas garanto que não tem nem drogas nem viadagem nisso só contemplação mesmo.

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Mil palavras

Cada vez que me perguntam do caminho eu fico meio sem o que dizer... parece ridículo, mas depois de 25 dias viajando a gente vê e vive tanta coisa que não sabe nem como começar a contar, não sabe o que vai ser mais interessante, não sabe se abrevia tudo para fazer um resumão de dez linhas ou se prioriza um ou outro fatos relevantes e detalha estes com a riqueza de detalhes que merecem.
Se a pessoa não pedala eu tenho vontade de suprimir um pouco detalhes do pedal em si, pois acho que podem ser tediosos... se a pessoa é de idade tento lembrar mais das coisas históricas da Europa que sempre interessar para os antigos... se a pessoa pergunta por educação eu tento resumir em poucas palavras: Fantástico, inesquecível, maravilhosa...
Mas o fato é que depois que se faz o caminho é que se compreende porque tantas pessoas chegam de viagem e logo vão escrever um livro sobre suas experiências. São tantas as coisas que se vive durante a viagem que não se pode contar em apenas algumas frases ditas em uma conversa rápida.
Assim, na falta de saber o que dizer, eu tenho dito simplesmente: Visite o Blog, lá tem tudo para quem quer ler muito ou pra quem está com pressa e só quer ver umas fotos. Está tudo aí... veja o quanto quiser.
Rubens

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Mais fotos

O caminho de santiago é assim... Trilhas bem viáveis, na maioria das vezes, com um visual maravilhoso, num constante sobe e desce pelos morros e serras espanholas.

Nesta época que fomos pegamos todos os tipos de clima... sol, chuva, frio e calor. Nestas fotos, que são do começo da viagem, estamos sempre de jaqueta, mas no fim da viagem já estavamos passando o dia todo de bermuda e camiseta.
No comecinho levamos azar e pegamos frio e chuva juntos... aí o bicho pega... blusa, capa de chuva... derretendo de suor, mas sem poder tirar a blusa para não passar frio...
Não temos muitas fotos com chuva pois era desanimador parar para fotografar... Mas estas com a névoa mostram bem com eram nossas saídas dos albergues, por volta das oito da manhã.


Aqui dá pra ver bem como é o piso da maior parte das trilhas... muitas pedras soltas, mas um piso relativamente plano e sem muitas erosões. É o tipo de trilha que costumamos pedalar no cicloturismo que fazemos aqui pelo sul do país, por isso não foi muito dificil se adaptar. A diferença está em que há um pouco mais de pedras e muitos pedestre com suas mochilas enormes a serem desviados com muito cuidado. Sempre convém lembrar que estes peregrinos já estão no caminho por 10 ou 20 dias mais que nós, além de serem, em sua maioria, sexagenários... Muito cuidado com eles. Importante anunciar sua chegada, seja com uma campainha, seja com um sonoro alô e, em seguida, desejar um bom caminho ao peregrino.

Esta foto é bem no alto dos Pirineus, um pouco antes de chegarmos em nossa primeira parada para comer, que foi em Roncesvalles. Na verdade é uma serra do mar um pouco mais pesada, nada mais que isso... para quem pedala com certa freqüência é fácil de transpor.

terça-feira, 17 de julho de 2007

Finisterra

Por: Walter Jorge de Oliveira Almeida - Texto adaptado e extraido do site http://www.caminhodesantiago.com/finisterra.htm


O Caminho a Finisterra é realizado pelos peregrinos que desejam conhecer o mar e ver o “Fim do Mundo”, ou o “Fim da Terra”, ou também como é chamada “A Costa da Morte”.
A região esta situada nos confins do velho continente em um dos pontos extremos da Europa, é considerado como uma terra mágica, cheia de lendas e tradições que a cada dia se projeta transformando-se em um polo turístico. As pessoas que visitam a região sentem-se encantada pela beleza das paisagens costeiras, pela riqueza do seu patrimônio histórico, pelos seus imponentes faróis, pela magia de suas pedras e como não dizer, pela sua excelente gastronomia.
A idéia da peregrinação pelas terras mais ocidentais da Europa, já estava presente nas crenças dos povos Celtas, que situavam “el Más Allá” em uma ilha do ocidente.
Essas velhas crenças tinham também relação com a viagem que diariamente realizava o sol correndo do oriente para o ocidente, para depois submergir nas águas do oceano e voltar a renascer seguidamente no outro dia. Essas idéia do renascer do sol e da vida, passaram os romanos, sendo mais tarde cristianizados pela religião católica.
Quando nos princípios do século IX, se descobriu o sepulcro do Apostolo Santiago, a Igreja católica deu um sentido cristão a estas velhas idéias de peregrinação, orientando para Compostela cidade que se converteu em um grande foco de atração durante toda a Idade Média. Tradições locais, informa da passagem do Apostolo Santiago pela aquela área, e no século XI já aparece o relato de Duiu referente a translação do corpo.
No meio do século seguinte é fixada a versão definitiva através do Códice Calixtino (livro III). Deste jeito Finisterra fica integrada de forma sólida ao circuito europeu das peregrinações.
Segundo o Códice Calixtino, uma vez desembarcado os discípulos do filho de Zebedeu em Padrón com o corpo do Apóstolo, Lupa rainha daquelas terras, enviou-os a Duiu para que o legado romano lhes concedesse a permissão para enterrar o Apostolo. Este, com intenção de mata-los, encarcerou-os, sendo libertados por um anjo conseguindo fugir. Quando estavam a ponto de serem alcançados pelos soldados que os perseguiam, cruzaram a ponte de Nicraria (identificada como a ponte romana de Nos, hoje sob as águas do enrrocamento da barragem de la Maza), que desaba, providencialmente, ao passar das tropas.
Foi nessa época quando começou a chegarem a Finisterra e Muxía os primeiros peregrinos cristãos, chegada da qual temos conhecimento desde o século XII, através de um documento de doação ao Monasterio de São Xian de Moraímo efetuado pelo rei Alfonso VII, no qual constava alusão a passagem dos peregrinos por essas terras.
Monumento
Nos séculos posteriores existem vários testemunhos de peregrinos que se acercaram da Finisterra Galega. A situação dos Hospitais de acolhida dos caminhantes também é outro dado que nos confirma a existência de uma Rota Jacobea que partindo de Santiago chegava a Finisterra e Muxía.
Visitar a Costa da Morte significa chegar ao fim de um velho caminho de peregrinação pelas terras mais ocidentais da Europa, seguido por milhares de pessoas ao largo de muitos anos, para encontrar-se com o renascer da vida, com velhos cultos pagões e os elementos da natureza, que aqui se manifesta com todo o seu esplendor: a água, o sol e as pedras; que cristianizada mais tarde, deram, origem a concorridos santuários como o da Virxe da Barca, o Cristo de Finisterra, ambos relacionados com a Rota Jacobea.

sexta-feira, 13 de julho de 2007

E mais umas...

Olá
Sei que faz tempo que não escrevo... só postando fotos e mais fotos... mas na verdade ela já contam um monte de coisas e servem para ilustrar a viagem que já contei lá atrás.
Hoje faz um mês que terminamos o caminho e eu ainda não consegui organizar as fotos.
São mais de 3 mil fotos... muita coisa pra ver numa apresentação de slides.
De toda forma vamos colocando algumas aqui e depois vamos refazer o relato ilustrando-o passo a passo.
Asim, desculpem a falta de lógica e vejam mais um pouco do que vimos pelo caminho.
Abraço
Rubens