Caminho de Santiago de Compostela - O Caminho Francês Original

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

A chegada

A chegada em Santiago é emocionante... mas isso é óbvio, eu sei... afinal todos dizem em seus relatos como choraram, como se abraçaram, como se emocionaram ao reencontrar companheiros do caminho, como se arrepiaram ao ver a catedral... Não precisa ir até lá para saber disso.
Mas a chegada é mesmo uma emoção a parte... tão perto e tão longe. Explico... quando faltam poucos quilometros e já estamos chegando na cidade começa a zona comercial... roda-se bastante por ali até chegarmos no centro da cidade... até então é só uma cidade.... mais uma... cheia de carros, calçadas, pessoas, buscando as flechas amarelas que insistem em se esconder. Quando chegamos no centro começamos a sentir a energia dos grandes centros urbanos... muita gente caminhando pelas ruas que deixam de ser ocupadas pelos carros para fazerem parte das calçadas que já não comportam mais a massa de gente. Mas é uma gente diferente da que se vê nas demais cidades médias do percurso.
Santiago é uma cidade de 93 mil habitantes... não é grande nem a maior pela qual passamos. Logroño tem 133 mil, Burgos 169 mil, León 145 mil, Ponferrada 63 mil, Pamplona 186 mil. Todas cidades grandes mais ou menos iguais... periferias mais feias, repletas de comércios, grandes vias expressas. Os centros são confusos, com ruas estreitas, prédios históricos e muitas pessoas caminhando pelo leitos das ruas. Mas na chegada ao centro de Santiago tem-se a impressão... depois achei que equivocada, que todos andam na mesma direção, todos vão seguindo em uma grande peregrinação para o centro, para a praça do Obradoiro, para a frente da Catedral. As pessoas são diferentes também... difícil determinar o que muda, mas com certeza o espírito da multidão é outro... e você está ali, fazendo parte daquilo e aquilo tem um sentido que só é sentido por quem chegou lá. não dá pra entender né?... eu achei também quando li dezenas de relatos... mas acredite... é diferente.
Chegando na praça constatamos que nosso amigo português mentiu desavergonhadamente para sua companheira de viagem: Não existem bares ao redor da praça do Obradoiro onde se pode sentar e ver os peregrinos chegarem emocionados. Se quiser esperar alguém, como esperamos o Nicolau, terá de fazer isso em pé ou sentado no chão e se chover, como choveu, vai correr para a marquise do Pazo de Raxoi (sede da Xunta - Prefeitura).
Na seqüência vai cumprir o ritual do peregrino: No altar da catedral vai passar pela escada que dá acesso ao próprio, por cima de onde onde está a tumba do apóstolo. Aí poderá ver a riqueza da catedral e do altar, os aparatos e afrescos são impressionantes. Existe um busto dele cheio de pedrarias e uma imagem famosa do Santiago matamoros. Descendo do outro lado do altar volta agora por baixo, onde poderá ver a arca e fazer sua oração de graças ao apóstolo.
Depois voltamos para a entrada principal, da praça do Obradoiro, onde está o Pórtico da Glória. Ali estão apóstolos, Jesus Cristo Ressuscitado, anjos, os condenados profetas, Santiago Apóstolo e o mestre Mateo, escultor que fez o pórtico. Aí reza a tradição peregrina deve-se colocar a mão bem ao centro da coluna central do pórtico e em seguida bater três vezes com a cabeça na cabeça da imagem do mestre Mateo, bem atrás desta coluna. Infelizmente o patrimônio de Santiago achou por bem proteger a obra de arte do desgaste que tais rituais estavam provocando e colocou uma grade que mantém o peregrino a uma distância segura do portal. Desde então não se pode mais pedir a sabedoria do mestre com as batidinhas de cabeça... ou seja, voltei tão burro quanto fui.
Em seguida fomos ao lado da Catedral registrar nossa chegada, indispensável para quem quer receber a Compostelana. Atenção: quando perguntam se a viagem teve objetivo religioso ou religioso e outros (Turístico, cultural, esportivo, etc) ou não religiosos, é importante que se responda religioso ou religioso e outros se você pretende receber a compostelana... caso contrario a igreja fornece um documento de conclusão do caminho com a bênção da igreja, mas não é a compostelana, pois está só é dada para os que fazem a peregrinação com fim religioso. Claro que ao Edú dizer: "- Não religioso!" todos as pessoas do setor pararam para ver quem era aquele recém chegado... fez-se silêncio e em seguida todos olhavam e cochichavam ... Mas o Edú não é o anti-Cristo, é apenas sincero ou, como ele mesmo se define, não hipócrita.
O fato é que o certificado dele é diferente.
Depois voltamos para a praça do Obradoiro buscar o marco zero do caminho (Existe outro em Finisterra, mas isso está em outra história - postagem). feita a foto ali demos por concluído o caminho... 900 km de bike... vale a pena. Tenho certeza que farei de novo.
Em seguida ficamos procurando os botecos... Maldito português mentiroso... só encontramos nas transversais... e aí eles são muitos, intercalados com as lojas de lembranças. Achamos um bem bacana (cheio de calamares, peixes e lagostas na vitrine) e entramos felizes para almoçar e fazer hora para achar o Nicolau. Só descobrimos que ele ía atrasar bem mais tarde... mas ele chegou.
No dia seguinte a última etapa da peregrinação... fomos a missa do peregrino que ocorre todo dia ao meio dia... Nesta missa são listados todos os peregrinos que chegaram na vépera

3 comentários:

  1. Olá, Rubens, obrigada pela visita. Parabéns pelo blog, pela viagem e fotos. Lindo esse mapa antigo! Ah, data vênia, comentei teu comentário atualizando o post sobre o julgamento do mensalão, se puder vai lá dar uma olhada. Inté!

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  2. Parabéns pelo Blog e pela peregrinação. Eu vou fazer esta viagem um dia e vou usar as dicas de vocês. Abraço

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  3. Alô, alô, Rubens!
    Boa viagem. Curta bastante a aventura.
    Espero que o material referente aos Passos de Anchieta tenha chegado bem até seu endereço.
    Leve-o na viagem e divulgue o nosso projeto de paz.
    Pena que o cartão-postal do Santuário de Anchieta ainda não ficou pronto...
    Aquii, a caminhada Os Passos de Anchieta - 10.ª edição - aconteceu de 7 a 10 de junho.
    O site é este: www.abapa.org.br
    Boa viagem, Rubens, só chega quem caminha.
    Best wishes to you!
    Mario Vanza

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